sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

"CRIATURAS"


Ontem passei por uma situação horrível. Se bem que poderia ter sido pior. Durante um evento em meu colégio, no qual eu tinha ido para me encontrar com os amigos, prestigiar as apresentações que haviam sido preparadas com muito esforços durante meses, sei porque passei por isso em anos anteriores, e para principalmente, me divertir.
Passando pelo corredor das arquibancadas, literalmente me passaram a mão, fiquei constrangidíssima, e para completar indignada, claro que eu tomaria satisfação pois desde pequena tive o exemplo de minha irmã a não levar desaforo para casa. Virei e parti para cima do primeiro que eu vi atrás de mim rindo, dei-lhe um murro nos peitos que chegou a quebrar o cordão. "Coitado", ele era menor que eu, mas nem me importei na hora, afinal ele que deveria ter pensado nisso antes!
Ele ficou envergonhado de ter apanhado de uma mulher na frente dos amigos e chamou mais criaturas da espécie dele para revidar, e quando percebi os meninos da minha sala já estavam "avisados". Ainda bem que eu não gosto de violência... Chamei os seguranças que os colocaram pra fora, ele ficaram na rua esperando eu sair, foi preciso chamar a polícia.
Agora parece até engraçado, estou impressionada com a atitude que tomei, mas na hora fiquei com muito medo, não aparentava, mas estava. A que ponto a violência nos ataca. Jovens que só queriam se divertir, estudantes que batalham por um futuro, envolvidos numa briga que não pediram para entrar. E os outros, vítimas de uma sociedade excludente, que provalmente não deu oportunidade para estudarem, que vivem numa marginalidade e estão conformados com isso , não consegui nem identificar a idade deles, pois pareciam crianças sem noção do que estavam fazendo e ao mesmo tempo adolescentes desnutridos.
Quanta desigualdade num mesmo espaço! Diariamente jovens estudantes que querem uma melhoria na educação do país são vítimas dessas espécies de "criaturas". E nós não fazemos nada. Passamos o ano estudando para passar no vestibular, ter um nível superior, conseguir um bom emprego para fazer parte da pequena porção de privilegiados duma sociedade que continuará a mesma. Desigual e egoísta.
(2 de novembro de 2008)

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